No último domingo
pela manhã, um pouco antes de terminar o tal jogo do “vai curintchia!”,
eu estava indo para CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), desci na
estação Sé do metrô e fui caminhando até o CCBB quando um menino de rua
me abordou pedindo dinheiro. Eu disse que não tinha nada, sorri, fiz um
“joinha” e continuei andando. Mas o menino, que deveria ter no máximo
uns 13 anos, resolveu me seguir e
insistia na abordagem de maneira cada vez mais ameaçadora, ele queria me
assaltar. Como era um dia meio chuvoso eu carregava o meu
guarda-chuva e, em um certo momento, parei de sorrir para o menino e
levantei o guarda chuva esbravejando para que parasse de me perturbar.
Deu certo! Ele se assustou com minha reação e correu.
Porém,
seguindo meu percurso, vi pedras passado ao meu lado – era o menino que
lançava sobre mim, e vinha cada vez mais perto tentando me atingir.
Acelerei meu passo e entrei numa rua, que fazia parte da minha rota até o
CCBB, onde havia algumas pessoas em frente à um bar, inclusive dois
policias com sua viatura, todos assistiam compenetrados ao jogo do
Corinthians na TV do bar. Não tive dúvida, fui pedir auxílio ao
policial:
- Por favor, tem um moleque que veio tentar me
assaltar, dei um “chega prá lá” nele, mas agora está me seguindo e
atirando pedras em mim...
- Bate nele – respondeu o policial secamente, sem tirar os olhos da TV do bar.
- O quê?
- Bate nele! - reafirmou o policial de maneira mais incisiva, agora sim olhando com desprezo para mim..
- Eu não posso bater nele - respondi, sem acreditar no que ele me dizia,
mas ele ainda argumentou, sempre daquela maneira “gentil” que só nossa
polícia sabe ser:
- Pode sim. O que você não pode é apanhar do menino!
O outro policial, que até então não tinha nem olhado para a minha cara,
de maneira impaciente, como se eu estivesse atrapalhando alguma coisa
(de certo o futebol que ele assistia) resolveu tomar uma atitude, ainda
que à contra gosto:
- Onde foi isso, heim? Vou lá dar uma olhada – e desceu a rua.
Claro que o menino já tinha desaparecido na poeira da cidade, sorte a
dele, eu não queria que o policial o encontrasse nesta altura do
campeonato.
Mas o que mais me deixou indignado e assustado com
este episódio, não foi a tentativa de assalto do menino, nem as pedras
que atirava em mim - de certo modo, infelizmente, o menino cumpria seu
papel, era de se esperar - mas o policial me aconselhando a bater no
menino... é este o papel da polícia?