domingo, 1 de janeiro de 2012
Depois de 40 dias e 40 noites pelos alpes franceses...
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Arcanjo São Miguel, proteja o ap.4!
I
Maupassant e o ap.4
A Gabriella ficou morando aqui, no ap.4, durante estes dois meses em que eu viajava. Foi bom para mim, pois ela me ajudou a pagar as contas do apê neste período, e foi bom para ela, que recém chegada de Las Vagas, onde morou nos últimos três anos, teria uma casinha só pra ela.
Na minha biblioteca deixei um livro de contos fantásticos de Guy de Maupassant, o qual eu já havia terminado de ler. Contos assustadores! Dentre estes contos, os que mais me impressionaram, foram os quais um mesmo personagem se repetia, "O Horla", um homem atormentado e sujeito às alucinações. Um dia, ele não viu mais seu reflexo no espelho, ele fora devorado. Ao invés de sua imagem dentro daquela moldura, ele via monstros, cadáveres horrendos, seres atrozes e, como ele diz, "todas as visões inverossímeis que devem habitar o espírito dos loucos". A leitura destes contos me impressionaram muito e, também invadiram muitas das minhas noites de sono, em forma de pesadelos - isto tudo, antes mesmo de eu adquirir o tal livro que assim dizia em alguma página: "Quando permanecemos muito tempo sozinhos, povoamos o vazio de fantasmas."... desta frase eu já sabia de seu significado.
Quando cheguei da minha maravilhosa excursão européia, fui direto para Bragança, para amenizar o impacto da chegada - é muito comum que viajantes, após um grande período fora de seu país, sinta uma depressão ao retornar para o país de origem, ainda mais se tratando em voltar ao Brasil na cinzenta e ameaçadora cidade de São Paulo. Telefonei para a Gabriella, no ap.4, para dizer que já estava de volta Brasil, mas ficaria por mais uma semana em Bragança e queria saber como estavam as coisas no apê. Após toda a introdução desta conversa ao telefone, em que falei um pouco da viagem, inesperadamente, a dramática a Gabriella disse-me para eu me mudar deste apartamento:
- ... Dênis, eu queria te dizer que... que acho que seria bom você se mudar deste apartamento. Sei lá, aqui tem muita coisa velha que você precisa jogar fora, coisas que não lhe servem pra nada...
De alguma maneira eu já pressentia tudo o que ela iria me dizer, mas não de forma tão contundente.
- Mas por quê Gabi? Aconteceu alguma coisa?
- É que eu acho, que aqui está muito carregado de energias negativas, pesadas!
- Como assim? O que aconteceu?
A Gabriella, que me conhece há mais de 15 anos, sempre soube que eu era muito cético, que eu sempre achava uma explicação lógica para qualquer evento extraordinário que acontecia e, ela, como meu oposto complementar, sempre foi muito ligada as coisas místicas e atenta as manifestações do outro mundo. Então ela não sabia muito bem como me contar o que estava acontecendo no ap.4, sem que eu debochasse das suas impressões.
- Então, Dê... não sei, logo na primeira semana que fiquei aqui, não conseguia me erguer do sofá e a louça foi acumulando na pia. Você me conhece, eu tenho toque compulsivo para limpeza! E além do mais, minha vida deu uma desandada absurda nestes últimos dois meses. Encrencas inesperadas que não dá para acreditar.
- Nossa Gabi, o que tá acontecendo aí?
- Então, fora isso, percebi que aqui que tem umas energias plasmadas, muito carregadas. Eu juro que não tô brincando...
- Acho que estou entendendo, fala mais, que depois preciso te contar um negócio à respeito disto... - disse eu, para encoraja-la a desembuchar de vez.
- Eu não consegui dormir aqui quase nenhuma noite, de tão forte eram as manifestações... juro! É sério! Teve uma noite, quando fui dormir, senti um bafo na nuca, com um terrível mau hálito e, em seguida, soltou um berro assustador na minha orelha. Tô arrepiada só de contar!
- Jura Gabi? Eu também passei por umas coisas estranhas aí, mas eu me convencia que eram somente pesadelo... mas continua, depois conto o que passei.
- Ai Dê, depois do grito na minha orelha eu me levantei assustada, achando que era loucura minha, que eu tava impressionada, enfim... depois de um tempo voltei a deitar. Me deitei de bruços e, imediatamente, antes de eu pestanejar, uma força negra me puxou, me levantando a quase um metro da cama... então eu gritei e cai de cara no colchão!
- Que louco, há muito tempo que eu também estou sendo perturbado no meu sono aí. Não é sempre, mas começou a ser mais freqüente de uns tempos pra cá. Achei que eu estava impressionado com os contos do Maupassant. Uma vez até comentei alguma coisa com a Manu, que eu havia sonhado que pulavam em minha cama, faziam o maior barulho e eu tentava abrir os olhos, me mexer, mas ficava por muito tempo imobilizado. Eu só conseguia despertar depois de rezar uma Ave Maria. Quando me deitava, sentia como se algo me sugasse pela nuca e pela espinha, de forma vertiginosa. Sem contar das inúmeras vezes que senti algo bater ou encostar em mim, e até mesmo a presença de alguém deitado ao meu lado.
Quando fiz as descrições das minhas perturbações noturnas, a Gabriella preocupou-se com a minha reação, pois eu nunca fui de me impressionar com estas coisas.
- Mas Dê, fica tranqüilo que eu tomei algumas providências e já está tudo muito melhor. Fiz umas limpezas espirituais por aqui. Pedi ajuda de uma amiga muito espirituosa, ligada nessas coisas. Antes de você vir para cá, mandarei alguém fazer uma faxina, pois casa está imunda também...
II
Exorcizando o ap.4!
Quite de exorcismo:
- Salmo 90*
- Água Benta do Mar Vermelho
- Vela Votiva
- Sal Bento (grosso)
- Muita reza!
- Tá vendo, eu falo que precisa rezar! Olha, filho, leva esta bíblia que seu irmão ganhou no casamento, e nunca abriu. Leia todas as noites o salmo 90* e peça proteção a Virgem Maria e ao Anjo da Guarda... ah, leva esta água benta que veio lá do Mar Vermelho, foi uma amiga do grupo de orações que me deu, essa água é milagrosa. Lembra que eu tive aquele problema no olho? Pois eu passei umas gotinhas desta água e, olha, ficou uma beleza, voltou ao normal. O médico achava que ia ficar alguma seqüela, mas não ficou nada!
Cheguei em Sampa com o "quite exorcisão", num domingo à noite. Minha mãe pediu para o meu irmão Douglas me levar de carro, pois eu tinha um monte de malas para carregar, então ela também veio e me acompanhou até eu chegar no ap.4.
Chegando aqui, minha mãe fez suas orações, benzeu a casa e foi embora. Ficamos eu, a Gabriella e... e... sabe-se lá o quê! Antes de dormir, eu a Gabriella, pegamos a bíblia que minha mãe me deu e rezamos juntos. E como não conseguimos viver sem achar graça das coisas a Gabi, riu e coçentou:
- Quem diria, que um dia eu e você iriamos rezar juntos com a bíblia aberta nas mãos! Ninguém que nos conhece bem, acreditaria nisto. Ahahahehe!
Deixamos a bíblia aberta em cima da cômoda de meu quarto e fomos conversar na sala. A certa altura do campeonato, lá pela uma e meia da madrugada, acaba a força! Não estava chovendo, não havia relâmpagos no céu, nenhum curto-circuito, nada! Simplesmente acabou a energia elétrica do prédio.
- Bom, pelo menos não é só aqui, se não eu diria que é obra do "Além da Imaginação". Disse eu em tom de brincadeira.
- É melhor nem brincar com isso. Onde você guarda as velas?
- Tem na cozinha, vamos ascender algumas.
Assim fizemos! Ficamos alguns minutos na escuridão iluminados apenas pelas chamas das velas.
- É melhor deixar uma vela em cada cômodo da casa. Disse a Gabi.
Deixamos uma vela no banheiro, outra na cozinha, outra na sala e, quando fomos deixar uma vela em meu quarto, eu disse:
- Vou aproveitar e deixar esta aqui do lado da bíblia.
PLUFT! Assim que repousei a vela ao lado bíblia, a energia voltou!
- Ave Maria cheia de graça... Eu e Gabriella, voltamos a rezar!
Fomos dormir. Não sei se eu ainda estava assustado com toda esta história, mas minha noite foi bem difícil e perturbada!
Na manhã seguinte, veio a faxineira que a Gabi havia chamado. Fechei a bíblia, tomei meu café e fui ensaiar As Estrepolias de Fígaro. No final do ensaio, comentei com a Sílvia Mello, sobre os acontecimentos extraordinários do ap.4 e ela me recomendou:
- Leia sempre o salmo 90, e deixe a bíblia aberta nesta página. Amanhã eu vou lhe trazer um pouquinho de Sal Bento, você mistura com outro sal, que ele fica bento também. Faça uma limpeza na casa, com água e sal grosso, se o sal e água forem bentos, melhor. Você pode misturar num balde e depois passar com um pano, sempre no sentido de dentro para fora da casa... por último você limpa o banheiro e joga toda a água suja pelo ralo. Isto feito, leia em voz alta o salmo 90, deixe montinhos do Sal Bento nos cantinhos da casa e ascenda uma vela votiva pro Arcanjo Miguel.
Sal Bento e vela votiva, mais armas para afugentar os Ghost's.
Cheguei ao ap.4, e a faxineira ainda estava lá. Ela, Vanusa, muito boa de prosa e sem saber de nada, com delicadeza me perguntou:
- Seu Dênis, você é católico?
- Sou de família católica, mas sou um católico meio sem vergonha.
- Ah, é que eu vi a bíblia ali e o santinho de Nossa Senhora da Aparecida, achei que fosse mesmo. Eu sou muito católica e devota de Nossa Senhora de Aparecida, já andei de joelhos em Aparecida para agradecer uma graça... Mas seu Dênis, eu ia falar para você não deixar a bíblia fechada. Deixa ela sempre aberta no salmo 90!
Salmo 90, ei-lo mais uma vez!
- Mas por quê, Vanusa?
- Ah, este salmo protege a casa e afasta os espíritos malignos!
Muita coincidência em tão pouco tempo! Ninguém tinha comentado nada com Vanusa, era a primeira vez que ela vinha no ap.4.
Faxina feita. Sílvia Mello veio benzer com o Sal Bento, o qual eu o multipliquei e transformei em Sal Grosso Bento, para arrancar as inhacas à toda força (e no rodo).
A Gabriella voltou para Santos, ficar na casa da mãe. À partir de goram estarei sozinho no ap.4, enfrentando o oculto.
Lá vou eu à batalha!
A Espada de São Miguel e o meu Canivete Suíço
http://www.flaviocosta.com/saomiguel/arcanjomiguel.htm
Resultado: a primeira noite no novo quarto foi muito trânqüila, dormi muito bem, mas a noite seguinte foi daquelas... até agora não sei até onde é sonho (ou melhor: pesadelo) ou onde é realidade. Depois de entupir a casa com fumaça de incenso (mais um acessório que adquiri para o "quite de exorcismo"), fui dormir confiando em uma noite tranqüila, mas...
PLUFT! PLUFT! PLUFT!
Acordei com barulhos, como se estivessem revirando todos meus livros da biblioteca, parece até que o Gasparzinho ficou revoltado com as mudanças na casa. Como se isto não bastasse, o mais terrível, nesta hora, foi tentar acordar. Eu não conseguia me mexer, sentia uma pressão no peito, como se alguém estivesse çontado em cima de mim, segurando com uma mão o meu pulso direito, que repousava acima da minha cabeça, e com a outra, pressionava a minha cara contra o travesseiro. Eu fazia força para tirá-lo de cima de mim, erq difícil até de respirar, mas só consegui me livrar do Encosto, quando soltei uç grito "ARRRRRRRGH!" e o joguei, o que quer que seja, para fora da minha cama... assim, despertei.
Estou me sentindo exatamente como aquele personagem de Maupassant, não sei se estou ficando louco ou se o invisível é real. E como O Horla, no fim da historia, peço que alguém me ajude ou que me internem!
Li em algum lugar da internet, para evocar o Arcanjo São Miguel, pedindo para que ele e seu exército de anjos das milicias celestiais, me cobrissem com seu escudo de manto azul dourado e com sua espada de Fogo Azul Flamejante (imagino que é igual do Luke Skywalker!) para, cortar as almas penadas. Dizia também que, se eu possuísse uma espada, poderia, literalmente, cortar os fantasmas. Dizem que eles sentem muita dor com as feridas feitas com o corte da lâmina e se afastam. Não tive dúvida, não tenho nenhuma espada de Samurai, mas tenho o meu Super Canivete Suiço. Com a navalha aberta e com ele em punhos, digladiei com as assombrações golpeando o ar em movimentos ágeis (lembrei de um exercício muito usado no teatro para a preparação corporal, exercícios do Labam: cortar, talhar, decupar... finalmente coloquei em uso fora dos palcos!). Sempre em nome do Arcanjo Miguel e pedindo para expulsá-los daqui....
FLAP! FLAP! ZUM! FLIP! TOUCHÊ!
Continuei golpeando o ar, no quarto, na sala, na cozinha... com a outra mão esguichava água benta - aquela do Mar Vermelho - e, por fim, depois de muito estocar e rasgaros fantasmas, sempre em nome do Arcanjo Miguel, arremessei punhados do Sal Grosso Bento por todos os lados.
Agora acho que as assombrações estão em retalhos por aqui ou fugiram para alguma alfaiataria, para se remendarem. Espero que me dêem sossego nas próximas noites.
Amém!
...
sexta-feira, 21 de março de 2008
Antes tarde do que nunca!
segunda-feira, 10 de março de 2008
Férias do Ap.4 - Parte X: EPÍLOGO
http://grooveshark.com/s/Eu+Quero+Apenas/4hXeaj?src=5
P.S.²: Por falar em trabalhar, alguém pode me oferecer algum emprego fixo - estas férias quebraram meu orçamento... sei ler, escrever, cozinhar, interpreto, danço, sapateio, clown, performer, garoto propaganda, etc, etc. Tem? Tem?
quarta-feira, 5 de março de 2008
Férias do Ap.4 - Parte IX: Destino Ubatuba
Continua... Não percam a parte final das férias do Ap.4
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Férias do Ap.4 - Parte VIII: Destino Ubatuba
- É realmente, um belo banco de madeira.
- Meu! Eu preciso deste banco, me ajuda levar até a casa...
- Léo, cê tá louco? O ano mal começou e já vamos cometer um delito? Você está propondo assaltar este banco?
- Parceiro, isto poderá entrar pra história...
- Claro! Eis a história: “turistas são presos por assaltar um banco na noite de reveillon”!
- Isto! Imagine nossa foto estampada nos jornais, entrevistas... depois viraremos tema de livros, filmes; seremos celebridades! O nosso assalto será mais famoso que o assalto do trem Pagador! Brother, chega de passar as noites de reveillon sempre “certinho”. Tá na hora de fazer algo novo, tá na hora de transgredir as regras que nos aprisionam.
- “Transgredir regras” é que nos “aprisionam”!
- Camarada, ou você está comigo ou - em tom dramático - terei de fazer isso sozinho!
- A gente dá um jeito, meu irmão. Com uma mão carrega o banco, e com a outra a garrafa e a caipirinha.
Assim fizemos por uns vinte metros, o banco era muito pesado. Decidimos parar e descansar um pouco.
Paramos em frente a uma casa onde ainda rolava mais uma festa de reveillon e algumas pessoas entravam e saiam pelo portão de madeira.
- Olha aí amigo, mais uma festa. Pode ser nossa última chance, vamos tentar entrar?
- Não! Não Léo, já chega desta história de invadir festas que nunca darão
- Ehehhe! Tava brincando! Então que tal um brinde?
- Isso sim! O triste é brindar nesses copinhos de plástico, ehehe!
- Pra isso tenho uma boa solução: é só transferir o conteúdo deste copinho para as nossas garrafas! - desta maneira brindamos ao nosso Maldito Ano Novo!
Ficamos um bom tempo sentados naquele banco onde divagamos sobre a vida; assistimos as pessoas que entravam e saiam daquela casa; falamos bobagens; devaneamos; conjecturamos; decidimos fundar um grupo de pesquisa teatral e nos tornamos melhores amigos - aquele velho e tradicional papo de bêbado:
- Um brinde ao melhor amigo de 2008! Eheheh! Tenho uma idéia Léo; agora que nos tornamos melhores amigos, dou-lhe esta garrafa de presente.
- A garrafa do gênio!
- Ela simboliza nossa amizade. Enquanto ela estiver inteira, nossa amizade existirá. Se ela se quebrar... Por isso cuide bem dela.
- Cuidarei muito bem dela, meu melhor amigo! Mas ainda temos que carregar este banco.
Nesta hora, um dos caiçaras que protagonizou aquela briga no bar de Dona Palmira, estava passando, veio até nós e disse em tom ameaçador:
- Depois coloquem o banco de volta no lugar, ele é daquela sorveteria, falou? – e foi embora.
- Léo, você viu quem era?
- Vi, e daí?
- Ora, é mais um motivo pra gente não levar o banco. Como seu melhor amigo, não deixarei roubar este banco. Principalmente porque ele é pesado demais!
- Tá bom, mas que fique claro: estamos deixando o banco aqui somente porque ele é pesado demais. Certo?
- Certíssimo. Que tal agora a gente se mandar, estou ficando cansado e com sono.
- Vamos nessa, mas... antes vamos tentar entrar na festa dessa casa aí?
- Léo! – disse eu em tom de repreensão.
- Brincadeira. Mas vamos dar só uma espiadinha?
- Eu vou andando, se quiser dar a espiadinha, vá sozinho. Eu vou seguindo o caminho devagar.
- Tá, mas me espera, é só uma olhadela.
Ingenuamente acreditei que seria uma inocente olhadela. Mas, o meu melhor amigo, sempre consegue me surpreender. Ele chegou diante do portão de madeira, que estava entreaberto, carregando a garrafa da Jeanne – ícone do marco de nossa amizade – e colocou a cabeça para dentro casa; ficou assim alguns instantes, depois abriu um pouco mais o portão, deu meio passo para dentro da casa, abaixou sua bermuda e fez um “bunda lelê”.
- Ô seu moleque vagabundo, filho duma... – e outros palavrões raivosos – Vou te pegar e te matar! - Parece que alguém de dentro da casa não gostou da brincadeira. Ou melhor, muitos de dentro da casa não gostaram da brincadeira, pois, alguns marmanjos saíram enfurecidos atrás do Léo e, por conseqüência, atrás de mim também.
Corremos o mais depressa que nossas pernas cambaleantes podiam. Se eles nos pegassem seria uma chacina. Me atirei por debaixo de uma cerca de arame farpado e me escondi no mato. Logo em seguida, o Léo também pulou. Ficamos ali, quase sem respirar até que os marmanjos desistissem de nos procurar – o que, por sorte, não demorou muito. Passado o perigo, não nos agüentávamos de tanto rir.
- Maldito Ano Novo, Léo! – seguido de risadas.
- Os caras ficaram loucos da vida! – também seguido de risadas.
- Só o quê me faltava! Ser morto na noite de reveillon, porque meu melhor amigo fez um “bunda lelê”. Que belo amigo arrumei! Aahaha!
- Mas a garrafa está intacta! Aahahah!
- Vamos embora Léo. Já chega desse negócio de Maldito Ano Novo!
Assim, lá pelas cinco de madrugada, encerramos a saga do reveillon. O Léo, ainda persistiu um pouco mais no Maldito Ano Novo, ele não conseguiu entrar na sua casa e dormiu no chão da varanda.
Apesar da noite fatigante e de ter bebido uma garrafa inteira de champanhe mais a caipirinha, na manhã seguinte acordei disposto e fui um dos primeiros a levantar. Encontrei dona Marta na mesa do café da manhã - ela sempre era a primeira a levantar – que olhou para mim e disse:
- Nossa, como você está com uma cara boa hoje!
Ah, se ela soubesse como foi o meu Maldito Ano Novo!
Ainda continua... faltam alguns dias de férias antes de eu voltar pra casa – no ap.4 e não no ap. 04!
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Férias do Ap.4 - Parte VII: Destino Ubatuba
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Férias do Ap.4 - Parte VI: Destino Ubatuba
- Vai Dênis, pede aí pra esse gênio da garrafa pra gente achar uma festa bacana.
- Sei não, Léo. A garrafa está seca, não sei se ele vai querer atender.
- Então fala pra ele que, se nós encontrarmos a festa, a gente pode reabastecer a garrafa e aí ele poderá beber com gente também.
- É, isso parece ser um bom argumento.
Foi o que fiz, peguei minha garrafa de champanhe, que estava completamente vazia, esfreguei e fiz o pedido exatamente como meu amigo recomendou. Continuamos caminhando pela areia daquela praia e, surpreendentemente, enxergamos algumas luzes coloridas que piscavam freneticamente.
- Ou será que são algumas lagartas psicodélicas aglomeradas na praia? Ahahaha!
Nos aproximamos cada vez mais daquelas luzes. Era inacreditável, de lá ecoava o som de uma música dançante, o som de garotas felizes e histéricas e o som de garotos que riam alto, bêbados e felizes. À medida que nos aproximávamos, sentíamos a areia sob nossos pés vibrando com a energia que emanava daquela festa. Sem nos darmos conta, enquanto andávamos, nossos pés foram se contaminando com aquela energia, assim como todo o resto dos nossos corpos: nós estávamos dançando!
- Nossa Léo, é a festa que estávamos procurando! Finalmente!
- Yuhuuu! Caráca! Será que o gênio atendeu mesmo nosso pedido? Será que finalmente vamos reabastecer nossas garrafas, nossa pança, nosso sangue? Será que finalmente teremos a nossa grande festa de Feliz Ano Novo?
- Hou! Não acredito! Você por aqui?
O Léo ficou sem ação, não reconhecia aquela criatura. Até olhou pra trás, para conferir se era com ele mesmo, mas o garoto continuou:
- Chega aí Augusto! Oh, Guto meu brother! Esse cara aqui (virando para seu amigo e, em seguida, sem que o mesmo percebesse, deu uma piscadela para nós) estudou comigo no ginásio. Faz a maior cara que não vejo ele... Hei, não lembra de mim? Ãh? Sou eu, o Pingüim.
Pingüim! Não poderia ter um apelido mais adequado. Em compensação, seu amigo, nada parecia com nenhum vilão de HQs, era garotão alto, moreno, corpo de surfista, cabelos castanhos e revoltos, meio bobão (diga-se de passagem), mas tão simpático quanto o Pingüim que estava querendo nos enturmar e assim nos deixar à vontade na festa.
- Augusto, este aqui é meu amigo Dênis.
Não, ele não estava se referindo a mim, mas ao seu amigo. Coincidências de Ano Novo! Então o Léo, quer dizer o Augusto... quer dizer, o Léo que se passava por Augusto, entrou no jogo do Pingüim e me apresentou também:
- Nossa, que mundo pequeno e cheio de coincidências, hein? Quer dizer então que você é meu xará - disse o Dênis ao Dênis... Quer dizer, disse EU ao Dênis... Argh! Quanta esquizofrenia!
- Conseguimos! Agora só falta abastecer as garrafas e curtir esta festa.
Claro que a natural e inevitável cara-de-pau do Léo, agora estava muito mais à vontade. E lá foi ele, tentar descolar umas bebidas para nós entrando na casa, como se ele fosse mais um da turma desses colegiais festivos... Voltou de mãos vazias. Tudo que parecia perfeito, agora começava a desabar.
- Não deixaram eu me servir lá dentro, não.
- Ai-ai-ai! Tá indo tudo tão bem! Por que você não pede pro seu amigo do ginásio nos dar um pouco do Champanhe dele. A garrafa que ele tá segurando tá quase cheia. Quem sabe ele nos dá um pouquinho...
Mas o velho amigo de ginásio do Léo/Augusto, se desculpou e disse que não podia compartilhar da bebida de sua garrafa, pois nem era dele:
- Não posso cara, a garrafa nem é minha, é da mina ali. Só estou tomando conta... - blá, e como ele tomava!
Sem molharmos nossas goelas, ficamos por ali mesmo, apreciando a molecada que dançava; todos com seus pares, não sobraria nada para nós. Quando vimos uma única menina se afastar daquele bando de adolescentes que a cercava, o Léo/Augusto ficou louco:
Mas a alegria dele durou pouco, pois ela logo foi interceptada por um garoto e, os dois rolaram na areia trocando amassos e beijinhos sem ter fim.
Repetimos mais uma vez nosso bordão:
- Maldito Ano Novo!
Não nos restava muitas alternativas: ou ficávamos ali chupando os dedos, ou voltávamos frustrados para nossas casas de verão.
- Espera aí Dênis... Não acredito o que encontrei em meu bolso!
- O que é, Léo?
- É a nossa redenção. Olha isso! Tenho OITO REAIS! Podemos comprar alguma bebida no Bar da dona Palmira.
- Aleluia! Vamos pra lá imediatamente!
Assim saímos em disparada, correndo pela areia da praia de Fortaleza, em direção ao bar de dona Palmira.
continua no bar de dona Palmira...