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domingo, 1 de janeiro de 2012

Depois de 40 dias e 40 noites pelos alpes franceses...

Mais uma vez estou passando as férias nos Alpes franceses, na casa da minha irmã Daniela, longe do ap.4. Para registrar os momentos preciosos desta magnífica viagem, eu e a Paula (companheira nesta aventura gelada) criamos micro-reportagens incríveis sobre os pontos turísticos mais inusitados que encontramos em nossas andanças, durante 40 dias e 40 noites aos arredores dos Alpes.

Este foi o primeiro ponto que deu origem à esta série de micro-reportagens:

 


Em uma caminhada noturna, em meio de muita neve, um encontro divino:



Agora, com a neve já um pouco derretida e, depois de caminhar 40 dias e 40 noites, chegamos a um impasse:

 


Este vídeo rendeu uma videocassetada!





E finalizando a saga dos Alpes, enfim encontro o famoso Mont Blanc:




Logo mais colocarei outros vídeos fantánticos desta viagem, aguardem!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Arcanjo São Miguel, proteja o ap.4!


I
Maupassant e o ap.4



Mais uma vez tirei férias do ap.4, desta vez fui mais longe, fui de muchilão nas costas explorar o Velho Continente. Apesar da fantástica experiência, por ora, não escreverei sobre a viagem, pois o ap.4, do qual eu estava de férias, continuava em plena atividade... e que atividades!

A Gabriella ficou morando aqui, no ap.4, durante estes dois meses em que eu viajava. Foi bom para mim, pois ela me ajudou a pagar as contas do apê neste período, e foi bom para ela, que recém chegada de Las Vagas, onde morou nos últimos três anos, teria uma casinha só pra ela.

Na minha biblioteca deixei um livro de contos fantásticos de Guy de Maupassant, o qual eu já havia terminado de ler. Contos assustadores! Dentre estes contos, os que mais me impressionaram, foram os quais um mesmo personagem se repetia, "O Horla", um homem atormentado e sujeito às alucinações. Um dia, ele não viu mais seu reflexo no espelho, ele fora devorado. Ao invés de sua imagem dentro daquela moldura, ele via monstros, cadáveres horrendos, seres atrozes e, como ele diz,
"todas as visões inverossímeis que devem habitar o espírito dos loucos". A leitura destes contos me impressionaram muito e, também invadiram muitas das minhas noites de sono, em forma de pesadelos - isto tudo, antes mesmo de eu adquirir o tal livro que assim dizia em alguma página: "Quando permanecemos muito tempo sozinhos, povoamos o vazio de fantasmas."... desta frase eu já sabia de seu significado.

Quando cheguei da minha maravilhosa excursão européia, fui direto para Bragança, para amenizar o impacto da chegada - é muito comum que viajantes, após um grande período fora de seu país, sinta uma depressão ao retornar para o país de origem, ainda mais se tratando em voltar ao Brasil na cinzenta e ameaçadora cidade de São Paulo. Telefonei para a Gabriella, no ap.4, para dizer que já estava de volta Brasil, mas ficaria por mais uma semana em Bragança e queria saber como estavam as coisas no apê. Após toda a introdução desta conversa ao telefone, em que falei um pouco da viagem, inesperadamente, a dramática a Gabriella disse-me para eu me mudar deste apartamento:

- ... Dênis, eu queria te dizer que... que acho que seria bom você se mudar deste apartamento. Sei lá, aqui tem muita coisa velha que você precisa jogar fora, coisas que não lhe servem pra nada...

De alguma maneira eu já pressentia tudo o que ela iria me dizer, mas não de forma tão contundente.

- Mas por quê Gabi? Aconteceu alguma coisa?

- É que eu acho, que aqui está muito carregado de energias negativas, pesadas!


- Como assim? O que aconteceu?

A Gabriella, que me conhece há mais de 15 anos, sempre soube que eu era muito cético, que eu sempre achava uma explicação lógica para qualquer evento extraordinário que acontecia e, ela, como meu oposto complementar, sempre foi muito ligada as coisas místicas e atenta as manifestações do outro mundo. Então ela não sabia muito bem como me contar o que estava acontecendo no ap.4, sem que eu debochasse das suas impressões.

- Então, Dê... não sei, logo na primeira semana que fiquei aqui, não conseguia me erguer do sofá e a louça foi acumulando na pia. Você me conhece, eu tenho toque compulsivo para limpeza! E além do mais, minha vida deu uma desandada absurda nestes últimos dois meses. Encrencas inesperadas que não dá para acreditar.

- Nossa Gabi, o que tá acontecendo aí?

- Então, fora isso, percebi que aqui que tem umas energias plasmadas, muito carregadas. Eu juro que não tô brincando...

- Acho que estou entendendo, fala mais, que depois preciso te contar um negócio à respeito disto... - disse eu, para encoraja-la a desembuchar de vez.

- Eu não consegui dormir aqui quase nenhuma noite, de tão forte eram as manifestações... juro! É sério! Teve uma noite, quando fui dormir, senti um bafo na nuca, com um terrível mau hálito e, em seguida, soltou um berro assustador na minha orelha. Tô arrepiada só de contar!

- Jura Gabi? Eu também passei por umas coisas estranhas aí, mas eu me convencia que eram somente pesadelo... mas continua, depois conto o que passei.

- Ai Dê, depois do grito na minha orelha eu me levantei assustada, achando que era loucura minha, que eu tava impressionada, enfim... depois de um tempo voltei a deitar. Me deitei de bruços e, imediatamente, antes de eu pestanejar, uma força negra me puxou, me levantando a quase um metro da cama... então eu gritei e cai de cara no colchão!

- Que louco, há muito tempo que eu também estou sendo perturbado no meu sono aí. Não é sempre, mas começou a ser mais freqüente de uns tempos pra cá. Achei que eu estava impressionado com os contos do Maupassant. Uma vez até comentei alguma coisa com a Manu, que eu havia sonhado que pulavam em minha cama, faziam o maior barulho e eu tentava abrir os olhos, me mexer, mas ficava por muito tempo imobilizado. Eu só conseguia despertar depois de rezar uma Ave Maria. Quando me deitava, sentia como se algo me sugasse pela nuca e pela espinha, de forma vertiginosa. Sem contar das inúmeras vezes que senti algo bater ou encostar em mim, e até mesmo a presença de alguém deitado ao meu lado.


Quando fiz as descrições das minhas perturbações noturnas, a Gabriella preocupou-se com a minha reação, pois eu nunca fui de me impressionar com estas coisas.

- Mas Dê, fica tranqüilo que eu tomei algumas providências e já está tudo muito melhor. Fiz umas limpezas espirituais por aqui. Pedi ajuda de uma amiga muito espirituosa, ligada nessas coisas. Antes de você vir para cá, mandarei alguém fazer uma faxina, pois casa está imunda também...

II
Exorcizando o ap.4!

Quite de exorcismo:

  1. Salmo 90*
  2. Água Benta do Mar Vermelho
  3. Vela Votiva
  4. Sal Bento (grosso)
  5. Muita reza!


Ao terminar a conversa, desliguei o telefone e contei para a minha mãe à respeito do que estava acontecendo no ap.4. Minha mãe é muito católica, reza por todo mundo lá em casa, vai na missa oito dias por semana e é ministra da Eucaristia da paróquia perto de casa (de Bragança).

- Tá vendo, eu falo que precisa rezar! Olha, filho, leva esta bíblia que seu irmão ganhou no casamento, e nunca abriu. Leia todas as noites o salmo 90* e peça proteção a Virgem Maria e ao Anjo da Guarda... ah, leva esta água benta que veio lá do Mar Vermelho, foi uma amiga do grupo de orações que me deu, essa água é milagrosa. Lembra que eu tive aquele problema no olho? Pois eu passei umas gotinhas desta água e, olha, ficou uma beleza, voltou ao normal. O médico achava que ia ficar alguma seqüela, mas não ficou nada!

*Em algumas bíblias é o salmo 91... não me perguntem o por quê!


Cheguei em Sampa com o "quite exorcisão", num domingo à noite. Minha mãe pediu para o meu irmão Douglas me levar de carro, pois eu tinha um monte de malas para carregar, então ela também veio e me acompanhou até eu chegar no ap.4.

Chegando aqui, minha mãe fez suas orações, benzeu a casa e foi embora. Ficamos eu, a Gabriella e... e... sabe-se lá o quê! Antes de dormir, eu a Gabriella, pegamos a bíblia que minha mãe me deu e rezamos juntos. E como não conseguimos viver sem achar graça das coisas a Gabi, riu e coçentou:

- Quem diria, que um dia eu e você iriamos rezar juntos com a bíblia aberta nas mãos! Ninguém que nos conhece bem, acreditaria nisto. Ahahahehe!

Deixamos a bíblia aberta em cima da cômoda de meu quarto e fomos conversar na sala. A certa altura do campeonato, lá pela uma e meia da madrugada, acaba a força! Não estava chovendo, não havia relâmpagos no céu, nenhum curto-circuito, nada! Simplesmente acabou a energia elétrica do prédio.

- Bom, pelo menos não é só aqui, se não eu diria que é obra do "Além da Imaginação". Disse eu em tom de brincadeira.

- É melhor nem brincar com isso. Onde você guarda as velas?

- Tem na cozinha, vamos ascender algumas.

Assim fizemos! Ficamos alguns minutos na escuridão iluminados apenas pelas chamas das velas.

- É melhor deixar uma vela em cada cômodo da casa. Disse a Gabi.

Deixamos uma vela no banheiro, outra na cozinha, outra na sala e, quando fomos deixar uma vela em meu quarto, eu disse:

- Vou aproveitar e deixar esta aqui do lado da bíblia.

PLUFT! Assim que repousei a vela ao lado bíblia, a energia voltou!

- Ave Maria cheia de graça... Eu e Gabriella, voltamos a rezar!

Fomos dormir. Não sei se eu ainda estava assustado com toda esta história, mas minha noite foi bem difícil e perturbada!

Na manhã seguinte, veio a faxineira que a Gabi havia chamado. Fechei a bíblia, tomei meu café e fui ensaiar
As Estrepolias de Fígaro. No final do ensaio, comentei com a Sílvia Mello, sobre os acontecimentos extraordinários do ap.4 e ela me recomendou:

- Leia sempre o salmo 90, e deixe a bíblia aberta nesta página. Amanhã eu vou lhe trazer um pouquinho de Sal Bento, você mistura com outro sal, que ele fica bento também. Faça uma limpeza na casa, com água e sal grosso, se o sal e água forem bentos, melhor. Você pode misturar num balde e depois passar com um pano, sempre no sentido de dentro para fora da casa... por último você limpa o banheiro e joga toda a água suja pelo ralo. Isto feito, leia em voz alta o salmo 90, deixe montinhos do Sal Bento nos cantinhos da casa e ascenda uma vela votiva pro Arcanjo Miguel.


Sal Bento e vela votiva, mais armas para afugentar os
Ghost's.

Cheguei ao ap.4, e a faxineira ainda estava lá. Ela, Vanusa, muito boa de prosa e sem saber de nada, com delicadeza me perguntou:

- Seu Dênis, você é católico?

- Sou de família católica, mas sou um católico meio sem vergonha.

- Ah, é que eu vi a bíblia ali e o santinho de Nossa Senhora da Aparecida, achei que fosse mesmo. Eu sou muito católica e devota de Nossa Senhora de Aparecida, já andei de joelhos em Aparecida para agradecer uma graça... Mas seu Dênis, eu ia falar para você não deixar a bíblia fechada. Deixa ela sempre aberta no salmo 90!

Salmo 90, ei-lo mais uma vez!

- Mas por quê, Vanusa?

- Ah, este salmo protege a casa e afasta os espíritos malignos!

Muita coincidência em tão pouco tempo! Ninguém tinha comentado nada com Vanusa, era a primeira vez que ela vinha no ap.4.

Faxina feita. Sílvia Mello veio benzer com o Sal Bento, o qual eu o multipliquei e transformei em Sal Grosso Bento, para arrancar as inhacas à toda força (e no rodo).

A Gabriella voltou para Santos, ficar na casa da mãe. À partir de goram estarei sozinho no ap.4, enfrentando o oculto.

Lá vou eu à batalha!




III
A Espada de São Miguel e o meu Canivete Suíço


http://www.flaviocosta.com/saomiguel/arcanjomiguel.htm

Comprei um quilo de incenso e mudei os móveis de lugar. Agora durmo no outro quarto - naquele, que servia de escritório, onde abrigava a minha estande de livros (que pertenceu aos avós do Gabriel que, quando eles mudaram de casa, estavam se desfazendo de algumas coisas e o Gabriel me levou lá para ver se precisava de algo... mais isto já é outra história) e também era o local onde ocorriam os carteados; o quarto original, virou uma sala de TV e meu closet, pois o guarda-roupa embutido ainda guarda minhas roupas lá; a sala se transformou numa sala de leitura e copa, sem os sofás, somente a estande de livros, o aparelho de som e mesa de jantar.

Resultado: a primeira noite no novo quarto foi muito trânqüila, dormi muito bem, mas a noite seguinte foi daquelas... até agora não sei até onde é sonho (ou melhor: pesadelo) ou onde é realidade. Depois de entupir a casa com fumaça de incenso (mais um acessório que adquiri para o "quite de exorcismo"), fui dormir confiando em uma noite tranqüila, mas...

PLUFT! PLUFT! PLUFT!

Acordei com barulhos, como se estivessem revirando todos meus livros da biblioteca, parece até que o Gasparzinho ficou revoltado com as mudanças na casa. Como se isto não bastasse, o mais terrível, nesta hora, foi tentar acordar. Eu não conseguia me mexer, sentia uma pressão no peito, como se alguém estivesse çontado em cima de mim, segurando com uma mão o meu pulso direito, que repousava acima da minha cabeça, e com a outra, pressionava a minha cara contra o travesseiro. Eu fazia força para tirá-lo de cima de mim, erq difícil até de respirar, mas só consegui me livrar do Encosto, quando soltei uç grito
"ARRRRRRRGH!" e o joguei, o que quer que seja, para fora da minha cama... assim, despertei.

Estou me sentindo exatamente como aquele personagem de Maupassant, não sei se estou ficando louco ou se o invisível é real. E como O Horla, no fim da historia, peço que alguém me ajude ou que me internem!

Li em algum lugar da internet, para evocar o Arcanjo São Miguel, pedindo para que ele e seu exército de anjos das milicias celestiais, me cobrissem com seu escudo de manto azul dourado e com sua espada de Fogo Azul Flamejante (imagino que é igual do Luke Skywalker!) para, cortar as almas penadas. Dizia também que, se eu possuísse uma espada, poderia, literalmente, cortar os fantasmas. Dizem que eles sentem muita dor com as feridas feitas com o corte da lâmina e se afastam. Não tive dúvida, não tenho nenhuma espada de Samurai, mas tenho o meu Super Canivete Suiço. Com a navalha aberta e com ele em punhos, digladiei com as assombrações golpeando o ar em movimentos ágeis (lembrei de um exercício muito usado no teatro para a preparação corporal, exercícios do Labam: cortar, talhar, decupar... finalmente coloquei em uso fora dos palcos!). Sempre em nome do Arcanjo Miguel e pedindo para expulsá-los daqui....

FLAP! FLAP! ZUM! FLIP! TOUCHÊ!


Continuei golpeando o ar, no quarto, na sala, na cozinha... com a outra mão esguichava água benta - aquela do Mar Vermelho - e, por fim, depois de muito estocar e rasgaros fantasmas, sempre em nome do Arcanjo Miguel, arremessei punhados do Sal Grosso Bento por todos os lados.

Agora acho que as assombrações estão em retalhos por aqui ou fugiram para alguma alfaiataria, para se remendarem. Espero que me dêem sossego nas próximas noites.

Amém!

...

sexta-feira, 21 de março de 2008

Antes tarde do que nunca!

Finalmente consegui consertar o player da cantoria que teve lá em Bragança no final do ano na casa da minha tia Bernadete - a primeira parte das histórias das minhas férias. E como eu prometi colocar assim que arrumasse, aí está:


Get Music Tracks! Create A Playlist!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Férias do Ap.4 - Parte X: EPÍLOGO

DE VOLTA AO AP.4 E NÃO AP.04

Ainda não contei sobre o dia em que resolvi fazer pizza para todo o batalhão (para a casa dos Figueiredo e a casa dos Teixeira) e a massa não deu muito certo. Foi um sufoco! Se não fosse a ajuda da turma.. enquanto a Manu montava as pizzas, eu cuidava do forno e tentava abrir as massas; Dona Marta também ajudou muito, tocando sua sanfona, assim muita gente se distraia dançando e cantando sem parar enquanto as pizzas assavam; o Léo colaborou abastecendo meu copinho com pinga durante a noite toda; a Julia e a Mari prepararam os recheios, picando cebola, ralando a mussarela, separando todos ingredientes em porções; o Gabriel fazia o controle de qualidade, nunca desmentia o que seu paladar sentia e dizia sem cerimonias: "A massa tá crua", "Não ficou bom!", "Já fez melhores", mas também não titubeava quando lhe agradava: "Essa sim, ficou no ponto!"; no final, para facilitar a digestão, o Pax tocou com sublimidade a sua calimba. Apesar de todas as atrapalhas, a noite da pizza foi um sucesso.

Ah, também não contei sobre a noitada de truco – eu havia esquecido as regras, que fiasco! Também não contei sobre as várias rodadas de pôquer que tomavam a tarde inteira... e sobre o dia em que eu, o Gabriel, a Manu e a dona Marta fomos a praia e, quando nós quatro estávamos nos refrescando na calmaria daquele mar, dona Marta teve uma explosão de criatividade (como ela mesmo disse), parecia que tinha baixando um santo nela. Histórias sem ter fim, que aconteceram em apenas uma semana de férias...

O meu mais novo e melhor amigo de 2008 foi embora um dia antes de mim e, por motivos de excesso de bagagem, deixou a garrafa do gênio (aquela que nomeamos como símbolo de nossa amizade). Eu também não tinha espaço em minha mala para carregá-la, então, peguei a garrafa para lançá-la ao mar e deixar nas mãos do destino a longevidade desta amizade - quem sabe ela não será encontrada por outras pessoas e assim também se formem outros melhores amigos por este mundão afora. Porém, antes de lançá-la ao mar, não me contive em lhe fazer três pedidos: 1- para que nunca me falte melhores-amigos; 2- que o mundo seja povoado de melhores-amigos e 3- um Feliz Ano Novo!

Clique no link, ouça a música e volte à leitura.
http://grooveshark.com/s/Eu+Quero+Apenas/4hXeaj?src=5

Eu, como Roberto Carlos, Quero ter um milhão de amigos e mais forte poder cantar!

Ainda pude desfrutar de mais um dia em Ubatuba, não ao lado de meu melhor amigo de 2008, mas ao lado de meus outros dois melhores amigos: o Gabriel e a Manu. Amigos não apenas de 2008, mas já de alguns anos passados e, assim desejo, de muitos e muitos anos futuros.

Mas já é hora de voltar pra casa, é hora de voltar ao ap.4!

Antes de voltar para São Paulo, dei mais uma passadinha em Bragança, pois meus pais acabavam de voltar de uma temporada na França. De lá, eles me trouxeram de presente de natal, uma jaqueta muito quente e bacana, para agüentar um inverno muito rigoroso - pena que ainda não tive ocasião para usá-la! Também trouxeram alguns deliciosos chocolates suíços, que devorei rapidamente... que delícia!

Agora sim, estou pronto para voltar a São Paulo.

Domingão, fim de tarde, estrada tranqüila, trânsito livre. Cheguei em frente do ap.4, e não ap. 04, carregando um mochilão de lona, uma mala, um travesseiro, o sleep, o colchão de ar, algumas sacolas com comida da mãe; tudo pendurado em meu corpo e a chave da porta na mão. Coloco a chave no buraco da fechadura e... Uai! Que estranho! Não consigo dar nenhuma volta com a chave! Ah, caramba! Será que esqueci de trancar a porta? Não pode ser, conferi sete vezes antes de viajar... Talvez a faxineira tenha vindo durante o período de férias e esqueceu de trancar. Será? Vou conferir e a porta estava realmente destrancada.

Constatei que a faxineira não esteve aqui, pois a casa estava desarrumada. Estava mais desarrumada do que quando parti. O guarda-roupa estava com todas as portas abertas, o armário também... Meu aparelho de DVD... não estava onde eu tinha deixado antes viajar, ou melhor, não estava em lugar algum! Ao menos é a única coisa que senti falta, o resto estava tudo ali.

Arrrgh! Isto que é um belo cartão de boas-vindas: meu apê foi invadido! Será que as profecias para este ano já estão acontecendo? Se já, que venham todas! E como já disse na noite de reveillon "qualquer coisinha boa que acontecer neste ano, será motivo de grande felicidade". E eu só quero ser feliz! Por isso:

MALDITO ANO NOVO!

FIM DAS FÉRIAS DO AP.4 E NÃO AP. 04




P.S.¹: Aqui em letras miúdas, mas com enorme gratidão agradeço a Manu pela amorosa acolhida em seu núcleo familiar nesta passagem do ano em Ubatuba. Também preciso agradecer ao Gabriel, pois senão seria injusto, por todas as vezes que me chamou para passar férias em Ubatuba - e eu fui!... ah, tantas outras histórias mais eu poderia contar... mas já chega de férias, vamos trabalhar!

P.S.²:
Por falar em trabalhar, alguém pode me oferecer algum emprego fixo - estas férias quebraram meu orçamento... sei ler, escrever, cozinhar, interpreto, danço, sapateio, clown, performer, garoto propaganda, etc, etc. Tem? Tem?

quarta-feira, 5 de março de 2008

Férias do Ap.4 - Parte IX: Destino Ubatuba

A PERFORMANCE


(antes de ler abra o link, depois comece leitura com este fundo musical)
Beethoven -Ode To Joy 
 

Um dia, fomos até a praia do Bonete, as meninas de barco e os meninos a pé, por uma trilha. Depois de almoçarmos em um pequeno restaurante que havia por ali, fomos fazer a siesta na areia da praia. Achamos uma enorme sombra de umas árvores, que saiam do quintal de uma elegante casa de praia. Acomodamos nossas coisas numa mureta de pedra, que dividia o terreno da casa e a areia da praia.

Parece que a dona da elegante casa, sentiu-se incomodada com a nossa presença e, para nos espantar, ligou seu aparelho de som, em volume alto, tocando alguma sinfonia de Beethoven. Tola! Ela mal sabia que nesta turma todos apreciam música clássica - para nós a música só valorizou a paisagem, deixando-a ainda mais bela.

Ouvindo aquela música e olhando aquela paisagem, me senti contaminado por uma grande alegria e fui tomado por uma enorme necessidade de me expressar. Logo a nossa frente, havia um pequeno riacho que desaguava no mar e algumas pedras grandes, foi lá que me atirei dançando. Eu dançava ao som de Beethoven num estilo “nova dança” ou “contato e improvisação”... essas danças modernas.

Meus companheiros que estavam tirando o cochilo, acordaram (menos a Manu que tem sono de pedra) para apreciar aquele show único. Dediquei o número a Angélica, como presente, pois ela estava aniversariando naquele mesmo dia.

Que sucesso! Eu, de sunguinha, pulando naquela água; dando cambalhotas e piruetas; interagindo com a areia, a água e as pedras, no mais belo cenário construído pela Mãe Natureza e acompanhado por uma inspiradora trilha sonora.

Risos, gargalhadas e aplausos, era a manifestação da minha seleta platéia, até que fui interrompido pela dona da casa, que veio chamar minha atenção com seu carregado sotaque carioca:

- Querido! Não querendo atrapalhar. A sua performance esta ótima, mas este rio tem MERDA pra CARALHO!

Para um clown, o grand finale não poderia ser melhor: triangulei com a platéia e me atirei no mar para me lavar.

Só escutei o Léo gritando pra mim:

- Maldito Ano Novo, Dênis!

Continua... Não percam a parte final das férias do Ap.4

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Férias do Ap.4 - Parte VIII: Destino Ubatuba

No meio do caminho tinha um banco, tinha um banco no meio do caminho... Era um banco rústico, de madeira, firme, pesado, que encantou os olhos de meu amigo:
- Olha Dênis, que banco maravilhoso!
- É realmente, um belo banco de madeira.
- Meu! Eu preciso deste banco, me ajuda levar até a casa...
Detalhe: a casa ficava a uns 700m da praia de Fortaleza; o caminho de volta pra casa, era por uma estrada cheia de curvas e sobe-e-desce. Outro porém: nós estávamos embriagados, carregando, cada um de nós, um copo de caipirinha em uma mão e, na outra, uma garrafa vazia de champanhe. Mas não foi isto que argumentei:

- Léo, cê tá louco? O ano mal começou e já vamos cometer um delito? Você está propondo assaltar este banco?
- Parceiro, isto poderá entrar pra história...
- Claro! Eis a história: “turistas são presos por assaltar um banco na noite de reveillon”!
- Isto! Imagine nossa foto estampada nos jornais, entrevistas... depois viraremos tema de livros, filmes; seremos celebridades! O nosso assalto será mais famoso que o assalto do trem Pagador! Brother, chega de passar as noites de reveillon sempre “certinho”. Tá na hora de fazer algo novo, tá na hora de transgredir as regras que nos aprisionam.
- “Transgredir regras” é que nos “aprisionam”!
- Camarada, ou você está comigo ou - em tom dramático - terei de fazer isso sozinho!
- Tá bom, tá bom! Não vou abandonar você agora. Mas pare com esta chantagem emocional. Vamos lá... Como vamos carregar isso? Ainda não terminei minha caipirinha e não vou jogar fora minha garrafa da Jeanne!
- A gente dá um jeito, meu irmão. Com uma mão carrega o banco, e com a outra a garrafa e a caipirinha.
Assim fizemos por uns vinte metros, o banco era muito pesado. Decidimos parar e descansar um pouco.

Paramos em frente a uma casa onde ainda rolava mais uma festa de reveillon e algumas pessoas entravam e saiam pelo portão de madeira.

- Olha aí amigo, mais uma festa. Pode ser nossa última chance, vamos tentar entrar?
- Não! Não Léo, já chega desta história de invadir festas que nunca darão em nada. Vamos é acabar com as nossas caipirinhas e seguir viagem!
- Ehehhe! Tava brincando! Então que tal um brinde?
- Isso sim! O triste é brindar nesses copinhos de plástico, ehehe!
- Pra isso tenho uma boa solução: é só transferir o conteúdo deste copinho para as nossas garrafas! - desta maneira brindamos ao nosso Maldito Ano Novo!

Ficamos um bom tempo sentados naquele banco onde divagamos sobre a vida; assistimos as pessoas que entravam e saiam daquela casa; falamos bobagens; devaneamos; conjecturamos; decidimos fundar um grupo de pesquisa teatral e nos tornamos melhores amigos - aquele velho e tradicional papo de bêbado:
- Dênis, de hoje em diante, você é o meu melhor amigo!
- Um brinde ao melhor amigo de 2008! Eheheh! Tenho uma idéia Léo; agora que nos tornamos melhores amigos, dou-lhe esta garrafa de presente.
- A garrafa do gênio!
- Ela simboliza nossa amizade. Enquanto ela estiver inteira, nossa amizade existirá. Se ela se quebrar... Por isso cuide bem dela.
- Cuidarei muito bem dela, meu melhor amigo! Mas ainda temos que carregar este banco.

Nesta hora, um dos caiçaras que protagonizou aquela briga no bar de Dona Palmira, estava passando, veio até nós e disse em tom ameaçador:

- Depois coloquem o banco de volta no lugar, ele é daquela sorveteria, falou? – e foi embora.
- Léo, você viu quem era?
- Vi, e daí?
- Ora, é mais um motivo pra gente não levar o banco. Como seu melhor amigo, não deixarei roubar este banco. Principalmente porque ele é pesado demais!
- Tá bom, mas que fique claro: estamos deixando o banco aqui somente porque ele é pesado demais. Certo?
- Certíssimo. Que tal agora a gente se mandar, estou ficando cansado e com sono.
- Vamos nessa, mas... antes vamos tentar entrar na festa dessa casa aí?
- Léo! – disse eu em tom de repreensão.
- Brincadeira. Mas vamos dar só uma espiadinha?
- Eu vou andando, se quiser dar a espiadinha, vá sozinho. Eu vou seguindo o caminho devagar.
- Tá, mas me espera, é só uma olhadela.

Ingenuamente acreditei que seria uma inocente olhadela. Mas, o meu melhor amigo, sempre consegue me surpreender. Ele chegou diante do portão de madeira, que estava entreaberto, carregando a garrafa da Jeanne – ícone do marco de nossa amizade – e colocou a cabeça para dentro casa; ficou assim alguns instantes, depois abriu um pouco mais o portão, deu meio passo para dentro da casa, abaixou sua bermuda e fez um “bunda lelê”.

- Ô seu moleque vagabundo, filho duma... – e outros palavrões raivosos – Vou te pegar e te matar! - Parece que alguém de dentro da casa não gostou da brincadeira. Ou melhor, muitos de dentro da casa não gostaram da brincadeira, pois, alguns marmanjos saíram enfurecidos atrás do Léo e, por conseqüência, atrás de mim também.

Corremos o mais depressa que nossas pernas cambaleantes podiam. Se eles nos pegassem seria uma chacina. Me atirei por debaixo de uma cerca de arame farpado e me escondi no mato. Logo em seguida, o Léo também pulou. Ficamos ali, quase sem respirar até que os marmanjos desistissem de nos procurar – o que, por sorte, não demorou muito. Passado o perigo, não nos agüentávamos de tanto rir.

- Maldito Ano Novo, Léo! – seguido de risadas.
- Os caras ficaram loucos da vida! – também seguido de risadas.
- Só o quê me faltava! Ser morto na noite de reveillon, porque meu melhor amigo fez um “bunda lelê”. Que belo amigo arrumei! Aahaha!
- Mas a garrafa está intacta! Aahahah!
- Vamos embora Léo. Já chega desse negócio de Maldito Ano Novo!

Assim, lá pelas cinco de madrugada, encerramos a saga do reveillon. O Léo, ainda persistiu um pouco mais no Maldito Ano Novo, ele não conseguiu entrar na sua casa e dormiu no chão da varanda.
Eu dormi tranqüilamente na cama que me era reservada na outra casa, onde todos já dormiam há muito tempo.

Apesar da noite fatigante e de ter bebido uma garrafa inteira de champanhe mais a caipirinha, na manhã seguinte acordei disposto e fui um dos primeiros a levantar. Encontrei dona Marta na mesa do café da manhã - ela sempre era a primeira a levantar – que olhou para mim e disse:

- Nossa, como você está com uma cara boa hoje!

Ah, se ela soubesse como foi o meu Maldito Ano Novo!
Ainda continua... faltam alguns dias de férias antes de eu voltar pra casa – no ap.4 e não no ap. 04!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Férias do Ap.4 - Parte VII: Destino Ubatuba

Nosso destino era, e sempre foi, passar o reveillon no bar de dona Palmira, mas assim como o herói trágico tenta controlar o poderoso Destino e descobre, ao final de sua saga, que este lhe é implacável, eu e Léo, também tentávamos fugir do que nos era prometido: reveillon no bar de dona Palmira acompanhado daquela música que saia dos auto-falantes do capô de um carro. Para aturar nossa tragédia, o melhor era nos resignar e encerrar a noite gastando aqueles míseros oito reais em qualquer coisa alcoólica. Pena que a caipirinha custava cinco reais, alguém ficaria sem o drinque. Mas, nada é problema se temos o Léo, com seu grande poder de persuasão, por perto:

- Opa! Mocinha, qual seu nome mesmo?
- Elaine.
- Então, Elaine, será que você não poderia dar um descontinho pra nós, e nos vender duas caipirinhas por oito reais?
- Ah, não posso, o bar não é meu.
- Pô Elaine! Mas a dona não está aqui agora, né? Você não tem autonomia para dar este descontinho de dois reais pra gente? Dá vai!
- Então pede pra dona, ela tá logo aí atrás de você!

Era verdade, logo atrás de nós, estava ela em pessoa, o grande mito de Ubatuba! Ela, a Deusa das barraquinhas, ao lado destes dois reles mortais estava a Dona Palmira!

Dona Palmira tinha uma voz doce e calma, os cabelos longos e lisos, vestia uma saia que cobria até as canelas e um sapatinho tipo mocassim - ela era uma evangélica! Mas nada disso era capaz de intimidar meu amigo de Ano Novo, Léo:

- Opa! Com licença, dona Palmira?
- Pois não?
- Em primeiro lugar, quero lhe desejar um Maldi...
- Feliz, um Feliz Ano Novo! – Interrompi e corrigi a frase, antes que ele a completasse de maneira inapropriada para o momento.
- Era exatamente isso que eu estava dizendo, nós lhe desejamos um Feliz Ano Novo. Também gostaria de dizer que é um prazer conhecer a famosa dona Palmira, dona das melhores barraquinhas de todo o litoral paulista...

E assim, com sua lábia infalível, Léo foi enrolando dona Palmira até que ela cedeu as caipirinhas com o desconto que precisávamos.

Agora sim! Nada poderia estar melhor, a caipirinha já acalmava nossos ânimos. Eu poderia ficar ali até o amanhecer, escutando aquele som horroroso sem me incomodar. Encostei minha lombar no balcão do boteco e fiquei observando os caiçaras dançando. O Léo, que já tinha conquistado a simpatia da patroa, agora estava empenhado em xavecar a meninha que trabalhava no bar – a mesma que não queria nos dar o desconto.

De repente, uma correria. Um “pega-prá-capá”. A bebida exalou os ânimos da rapaziada. Alguém mexeu com a mulher de alguém, enquanto dançava. Gregos contra troianos. Um jovem caiçara derruba outro, não tão jovem, no chão.
- Léo olha briga, Léo! - tentava eu, chamar a atenção de meu amigo mas, ele estava tão entretido no papo com a menina, que precisei chamar a atenção dele mais umas três vezes: - Olha briga Léo! Olha a briga! Olha a briga!

Finalmente ele saiu do transe em que estava. Dona Palmira e a mocinha disseram-nos para que mantivéssemos distância da confusão. Então ficamos ali mesmo, parados e imóveis, só olhando, afinal, o trajeto para nossa fuga passava inevitavelmente pelo meio da pancadaria.

- Maldito Ano Novo, Léo! - disse eu.

Finalmente chegou a turma do “deixa-disso” que tentava separar-los, mas os dois gladiadores embriagados insistiam na briga. Não era possível saber se eles caiam no chão por causa dos golpes do inimigo, ou por causa da bebida. O tumulto parecia não ter fim.

- Olha a faca! - alguém gritou.

Outro disse:

- Vou buscar o ferro e meter uma azeitona na sua testa moleque!
- Acabou a festa! Vai todo mundo embora pra suas casas agora! - Interveio gritando, a toda-poderosa e deusa mitológica, dona Palmira, que baixou as portas do bar o mais rápido possível.

Eu e Léo ficamos do lado de fora assistindo, imóveis, à tudo. A turma só dispersou quando alguém gritou:

- A polícia tá chegando aí!

O carro de som baixou o seu capô e saiu levantando poeira. Ninguém quis ver o se era verdade o tal alarme, finalmente a confusão se dissipou.

Por alguns instantes, eu e Léo, ainda permanecemos ali imóveis, com as caipirinhas e as nossas garrafas vazias em cada uma de nossas mãos.

- Acho que já podemos ir embora – disse eu.
- Caráca, quase que a gente testemunha uma tragédia! Que doideira!
- Ouvi dizer que 2008, segundo os astros, será o ano de grandes conflitos e revoluções... acho que isto deve ter sido somente um pequeno presságio.
- É meu amigo: Maldito Ano Novo! - respondeu-me Léo, com ironia.

Demos gargalhadas aliviando a tensão e fomos embora... mas sempre tem alguma coisa no meio do caminho que adia nossa volta...

Continua no caminho de volta pra casa...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Férias do Ap.4 - Parte VI: Destino Ubatuba

Depois de sermos colocados para fora da festa da casa do “Niemeyer”, eu e meu amigo Léo, ainda persistimos na busca de alguma grande festa de reveillon. Apesar da última frustração, acreditávamos que a noite ainda nos traria boas surpresas.

- Vai Dênis, pede aí pra esse gênio da garrafa pra gente achar uma festa bacana.

- Sei não, Léo. A garrafa está seca, não sei se ele vai querer atender.

- Então fala pra ele que, se nós encontrarmos a festa, a gente pode reabastecer a garrafa e aí ele poderá beber com gente também.

- É, isso parece ser um bom argumento.

Foi o que fiz, peguei minha garrafa de champanhe, que estava completamente vazia, esfreguei e fiz o pedido exatamente como meu amigo recomendou. Continuamos caminhando pela areia daquela praia e, surpreendentemente, enxergamos algumas luzes coloridas que piscavam freneticamente.

- Léo, será uma miragem ou é o nosso Oásis de reveillon?

- Ou será que são algumas lagartas psicodélicas aglomeradas na praia? Ahahaha!

Nos aproximamos cada vez mais daquelas luzes. Era inacreditável, de lá ecoava o som de uma música dançante, o som de garotas felizes e histéricas e o som de garotos que riam alto, bêbados e felizes. À medida que nos aproximávamos, sentíamos a areia sob nossos pés vibrando com a energia que emanava daquela festa. Sem nos darmos conta, enquanto andávamos, nossos pés foram se contaminando com aquela energia, assim como todo o resto dos nossos corpos: nós estávamos dançando!

- Nossa Léo, é a festa que estávamos procurando! Finalmente!

- Yuhuuu! Caráca! Será que o gênio atendeu mesmo nosso pedido? Será que finalmente vamos reabastecer nossas garrafas, nossa pança, nosso sangue? Será que finalmente teremos a nossa grande festa de Feliz Ano Novo?

Assim que chegamos bem próximos do grupo que estava dançando festivamente, embalados por um DJ e pelas luzes coloridas que iluminavam aquele pequeno pedaço de areia, como se ali fosse a pista de uma danceteria (todo o equipamento de luz e som, estavam logo ali em cima da mureta do jardim da casa que dava acesso à praia, jardim onde também estava posta uma apetitosa mesa com muitas frutas da época), um garoto gordinho que esbanjava simpatia - apesar de ter um nariz adunco e um andar “quinze pras três” - carregando em uma das mãos uma garrafa de champanhe sidra cereser e acompanhado de um amigo, deslocou-se do grupo, abriu os braços, olhou para o Léo e indo em direção dele, bradou em voz alta e bêbada:

- Hou! Não acredito! Você por aqui?

O Léo ficou sem ação, não reconhecia aquela criatura. Até olhou pra trás, para conferir se era com ele mesmo, mas o garoto continuou:

- Chega aí Augusto! Oh, Guto meu brother! Esse cara aqui (virando para seu amigo e, em seguida, sem que o mesmo percebesse, deu uma piscadela para nós) estudou comigo no ginásio. Faz a maior cara que não vejo ele... Hei, não lembra de mim? Ãh? Sou eu, o Pingüim.

Pingüim! Não poderia ter um apelido mais adequado. Em compensação, seu amigo, nada parecia com nenhum vilão de HQs, era garotão alto, moreno, corpo de surfista, cabelos castanhos e revoltos, meio bobão (diga-se de passagem), mas tão simpático quanto o Pingüim que estava querendo nos enturmar e assim nos deixar à vontade na festa.

- Augusto, este aqui é meu amigo Dênis.

Não, ele não estava se referindo a mim, mas ao seu amigo. Coincidências de Ano Novo! Então o Léo, quer dizer o Augusto... quer dizer, o Léo que se passava por Augusto, entrou no jogo do Pingüim e me apresentou também:

- Não meu caro Pingüim! Este aqui, é que é o Dênis, o meu amigo! Dênis, este é meu amigo do ginásio, o Pingüim. Pingüim, este é o meu amigo Dênis. Dênis, este é meu amigo Dênis!

- Nossa, que mundo pequeno e cheio de coincidências, hein? Quer dizer então que você é meu xará - disse o Dênis ao Dênis... Quer dizer, disse EU ao Dênis... Argh! Quanta esquizofrenia!

Depois de todos devidamente apresentados, o Pingüim e seu amigo Dênis se afastaram, nos deixando à vontade. Sentíamos vitoriosos e, em tom de comemoração disse ao meu amigo Léo, ou Augusto se preferirem:

- Conseguimos! Agora só falta abastecer as garrafas e curtir esta festa.

- É isso aí: “garrafas cheias eu quero ver rolar”! Vou ver se descubro onde tem daquelas sidras que o Pingüim estava bebendo.

Claro que a natural e inevitável cara-de-pau do Léo, agora estava muito mais à vontade. E lá foi ele, tentar descolar umas bebidas para nós entrando na casa, como se ele fosse mais um da turma desses colegiais festivos... Voltou de mãos vazias. Tudo que parecia perfeito, agora começava a desabar.

- Não deixaram eu me servir lá dentro, não.

- Ai-ai-ai! Tá indo tudo tão bem! Por que você não pede pro seu amigo do ginásio nos dar um pouco do Champanhe dele. A garrafa que ele tá segurando tá quase cheia. Quem sabe ele nos dá um pouquinho...

Mas o velho amigo de ginásio do Léo/Augusto, se desculpou e disse que não podia compartilhar da bebida de sua garrafa, pois nem era dele:

- Não posso cara, a garrafa nem é minha, é da mina ali. Só estou tomando conta... - blá, e como ele tomava!

Sem molharmos nossas goelas, ficamos por ali mesmo, apreciando a molecada que dançava; todos com seus pares, não sobraria nada para nós. Quando vimos uma única menina se afastar daquele bando de adolescentes que a cercava, o Léo/Augusto ficou louco:

- É ela, Dênis. É ela quem vai matar minha sede!

Mas a alegria dele durou pouco, pois ela logo foi interceptada por um garoto e, os dois rolaram na areia trocando amassos e beijinhos sem ter fim.

Repetimos mais uma vez nosso bordão:

- Maldito Ano Novo!

Não nos restava muitas alternativas: ou ficávamos ali chupando os dedos, ou voltávamos frustrados para nossas casas de verão.

- Espera aí Dênis... Não acredito o que encontrei em meu bolso!

- O que é, Léo?

- É a nossa redenção. Olha isso! Tenho OITO REAIS! Podemos comprar alguma bebida no Bar da dona Palmira.

- Aleluia! Vamos pra lá imediatamente!

Assim saímos em disparada, correndo pela areia da praia de Fortaleza, em direção ao bar de dona Palmira.


continua no bar de dona Palmira...