Porém, seguindo meu percurso, vi pedras passado ao meu lado – era o menino que lançava sobre mim, e vinha cada vez mais perto tentando me atingir. Acelerei meu passo e entrei numa rua, que fazia parte da minha rota até o CCBB, onde havia algumas pessoas em frente à um bar, inclusive dois policias com sua viatura, todos assistiam compenetrados ao jogo do Corinthians na TV do bar. Não tive dúvida, fui pedir auxílio ao policial:
- Por favor, tem um moleque que veio tentar me assaltar, dei um “chega prá lá” nele, mas agora está me seguindo e atirando pedras em mim...
- Bate nele – respondeu o policial secamente, sem tirar os olhos da TV do bar.
- O quê?
- Bate nele! - reafirmou o policial de maneira mais incisiva, agora sim olhando com desprezo para mim..
- Eu não posso bater nele - respondi, sem acreditar no que ele me dizia, mas ele ainda argumentou, sempre daquela maneira “gentil” que só nossa polícia sabe ser:
- Pode sim. O que você não pode é apanhar do menino!
O outro policial, que até então não tinha nem olhado para a minha cara, de maneira impaciente, como se eu estivesse atrapalhando alguma coisa (de certo o futebol que ele assistia) resolveu tomar uma atitude, ainda que à contra gosto:
- Onde foi isso, heim? Vou lá dar uma olhada – e desceu a rua.
Claro que o menino já tinha desaparecido na poeira da cidade, sorte a dele, eu não queria que o policial o encontrasse nesta altura do campeonato.
Mas o que mais me deixou indignado e assustado com este episódio, não foi a tentativa de assalto do menino, nem as pedras que atirava em mim - de certo modo, infelizmente, o menino cumpria seu papel, era de se esperar - mas o policial me aconselhando a bater no menino... é este o papel da polícia?