domingo, 17 de fevereiro de 2008

Férias do Ap.4 - Parte VI: Destino Ubatuba

Depois de sermos colocados para fora da festa da casa do “Niemeyer”, eu e meu amigo Léo, ainda persistimos na busca de alguma grande festa de reveillon. Apesar da última frustração, acreditávamos que a noite ainda nos traria boas surpresas.

- Vai Dênis, pede aí pra esse gênio da garrafa pra gente achar uma festa bacana.

- Sei não, Léo. A garrafa está seca, não sei se ele vai querer atender.

- Então fala pra ele que, se nós encontrarmos a festa, a gente pode reabastecer a garrafa e aí ele poderá beber com gente também.

- É, isso parece ser um bom argumento.

Foi o que fiz, peguei minha garrafa de champanhe, que estava completamente vazia, esfreguei e fiz o pedido exatamente como meu amigo recomendou. Continuamos caminhando pela areia daquela praia e, surpreendentemente, enxergamos algumas luzes coloridas que piscavam freneticamente.

- Léo, será uma miragem ou é o nosso Oásis de reveillon?

- Ou será que são algumas lagartas psicodélicas aglomeradas na praia? Ahahaha!

Nos aproximamos cada vez mais daquelas luzes. Era inacreditável, de lá ecoava o som de uma música dançante, o som de garotas felizes e histéricas e o som de garotos que riam alto, bêbados e felizes. À medida que nos aproximávamos, sentíamos a areia sob nossos pés vibrando com a energia que emanava daquela festa. Sem nos darmos conta, enquanto andávamos, nossos pés foram se contaminando com aquela energia, assim como todo o resto dos nossos corpos: nós estávamos dançando!

- Nossa Léo, é a festa que estávamos procurando! Finalmente!

- Yuhuuu! Caráca! Será que o gênio atendeu mesmo nosso pedido? Será que finalmente vamos reabastecer nossas garrafas, nossa pança, nosso sangue? Será que finalmente teremos a nossa grande festa de Feliz Ano Novo?

Assim que chegamos bem próximos do grupo que estava dançando festivamente, embalados por um DJ e pelas luzes coloridas que iluminavam aquele pequeno pedaço de areia, como se ali fosse a pista de uma danceteria (todo o equipamento de luz e som, estavam logo ali em cima da mureta do jardim da casa que dava acesso à praia, jardim onde também estava posta uma apetitosa mesa com muitas frutas da época), um garoto gordinho que esbanjava simpatia - apesar de ter um nariz adunco e um andar “quinze pras três” - carregando em uma das mãos uma garrafa de champanhe sidra cereser e acompanhado de um amigo, deslocou-se do grupo, abriu os braços, olhou para o Léo e indo em direção dele, bradou em voz alta e bêbada:

- Hou! Não acredito! Você por aqui?

O Léo ficou sem ação, não reconhecia aquela criatura. Até olhou pra trás, para conferir se era com ele mesmo, mas o garoto continuou:

- Chega aí Augusto! Oh, Guto meu brother! Esse cara aqui (virando para seu amigo e, em seguida, sem que o mesmo percebesse, deu uma piscadela para nós) estudou comigo no ginásio. Faz a maior cara que não vejo ele... Hei, não lembra de mim? Ãh? Sou eu, o Pingüim.

Pingüim! Não poderia ter um apelido mais adequado. Em compensação, seu amigo, nada parecia com nenhum vilão de HQs, era garotão alto, moreno, corpo de surfista, cabelos castanhos e revoltos, meio bobão (diga-se de passagem), mas tão simpático quanto o Pingüim que estava querendo nos enturmar e assim nos deixar à vontade na festa.

- Augusto, este aqui é meu amigo Dênis.

Não, ele não estava se referindo a mim, mas ao seu amigo. Coincidências de Ano Novo! Então o Léo, quer dizer o Augusto... quer dizer, o Léo que se passava por Augusto, entrou no jogo do Pingüim e me apresentou também:

- Não meu caro Pingüim! Este aqui, é que é o Dênis, o meu amigo! Dênis, este é meu amigo do ginásio, o Pingüim. Pingüim, este é o meu amigo Dênis. Dênis, este é meu amigo Dênis!

- Nossa, que mundo pequeno e cheio de coincidências, hein? Quer dizer então que você é meu xará - disse o Dênis ao Dênis... Quer dizer, disse EU ao Dênis... Argh! Quanta esquizofrenia!

Depois de todos devidamente apresentados, o Pingüim e seu amigo Dênis se afastaram, nos deixando à vontade. Sentíamos vitoriosos e, em tom de comemoração disse ao meu amigo Léo, ou Augusto se preferirem:

- Conseguimos! Agora só falta abastecer as garrafas e curtir esta festa.

- É isso aí: “garrafas cheias eu quero ver rolar”! Vou ver se descubro onde tem daquelas sidras que o Pingüim estava bebendo.

Claro que a natural e inevitável cara-de-pau do Léo, agora estava muito mais à vontade. E lá foi ele, tentar descolar umas bebidas para nós entrando na casa, como se ele fosse mais um da turma desses colegiais festivos... Voltou de mãos vazias. Tudo que parecia perfeito, agora começava a desabar.

- Não deixaram eu me servir lá dentro, não.

- Ai-ai-ai! Tá indo tudo tão bem! Por que você não pede pro seu amigo do ginásio nos dar um pouco do Champanhe dele. A garrafa que ele tá segurando tá quase cheia. Quem sabe ele nos dá um pouquinho...

Mas o velho amigo de ginásio do Léo/Augusto, se desculpou e disse que não podia compartilhar da bebida de sua garrafa, pois nem era dele:

- Não posso cara, a garrafa nem é minha, é da mina ali. Só estou tomando conta... - blá, e como ele tomava!

Sem molharmos nossas goelas, ficamos por ali mesmo, apreciando a molecada que dançava; todos com seus pares, não sobraria nada para nós. Quando vimos uma única menina se afastar daquele bando de adolescentes que a cercava, o Léo/Augusto ficou louco:

- É ela, Dênis. É ela quem vai matar minha sede!

Mas a alegria dele durou pouco, pois ela logo foi interceptada por um garoto e, os dois rolaram na areia trocando amassos e beijinhos sem ter fim.

Repetimos mais uma vez nosso bordão:

- Maldito Ano Novo!

Não nos restava muitas alternativas: ou ficávamos ali chupando os dedos, ou voltávamos frustrados para nossas casas de verão.

- Espera aí Dênis... Não acredito o que encontrei em meu bolso!

- O que é, Léo?

- É a nossa redenção. Olha isso! Tenho OITO REAIS! Podemos comprar alguma bebida no Bar da dona Palmira.

- Aleluia! Vamos pra lá imediatamente!

Assim saímos em disparada, correndo pela areia da praia de Fortaleza, em direção ao bar de dona Palmira.


continua no bar de dona Palmira...

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