
- Vai Dênis, pede aí pra esse gênio da garrafa pra gente achar uma festa bacana.
- Sei não, Léo. A garrafa está seca, não sei se ele vai querer atender.
- Então fala pra ele que, se nós encontrarmos a festa, a gente pode reabastecer a garrafa e aí ele poderá beber com gente também.
- É, isso parece ser um bom argumento.
Foi o que fiz, peguei minha garrafa de champanhe, que estava completamente vazia, esfreguei e fiz o pedido exatamente como meu amigo recomendou. Continuamos caminhando pela areia daquela praia e, surpreendentemente, enxergamos algumas luzes coloridas que piscavam freneticamente.
- Ou será que são algumas lagartas psicodélicas aglomeradas na praia? Ahahaha!
Nos aproximamos cada vez mais daquelas luzes. Era inacreditável, de lá ecoava o som de uma música dançante, o som de garotas felizes e histéricas e o som de garotos que riam alto, bêbados e felizes. À medida que nos aproximávamos, sentíamos a areia sob nossos pés vibrando com a energia que emanava daquela festa. Sem nos darmos conta, enquanto andávamos, nossos pés foram se contaminando com aquela energia, assim como todo o resto dos nossos corpos: nós estávamos dançando!
- Nossa Léo, é a festa que estávamos procurando! Finalmente!
- Yuhuuu! Caráca! Será que o gênio atendeu mesmo nosso pedido? Será que finalmente vamos reabastecer nossas garrafas, nossa pança, nosso sangue? Será que finalmente teremos a nossa grande festa de Feliz Ano Novo?

O Léo ficou sem ação, não reconhecia aquela criatura. Até olhou pra trás, para conferir se era com ele mesmo, mas o garoto continuou:
- Chega aí Augusto! Oh, Guto meu brother! Esse cara aqui (virando para seu amigo e, em seguida, sem que o mesmo percebesse, deu uma piscadela para nós) estudou comigo no ginásio. Faz a maior cara que não vejo ele... Hei, não lembra de mim? Ãh? Sou eu, o Pingüim.
Pingüim! Não poderia ter um apelido mais adequado. Em compensação, seu amigo, nada parecia com nenhum vilão de HQs, era garotão alto, moreno, corpo de surfista, cabelos castanhos e revoltos, meio bobão (diga-se de passagem), mas tão simpático quanto o Pingüim que estava querendo nos enturmar e assim nos deixar à vontade na festa.
- Augusto, este aqui é meu amigo Dênis.
Não, ele não estava se referindo a mim, mas ao seu amigo. Coincidências de Ano Novo! Então o Léo, quer dizer o Augusto... quer dizer, o Léo que se passava por Augusto, entrou no jogo do Pingüim e me apresentou também:
- Nossa, que mundo pequeno e cheio de coincidências, hein? Quer dizer então que você é meu xará - disse o Dênis ao Dênis... Quer dizer, disse EU ao Dênis... Argh! Quanta esquizofrenia!
- Conseguimos! Agora só falta abastecer as garrafas e curtir esta festa.

- Não deixaram eu me servir lá dentro, não.
- Ai-ai-ai! Tá indo tudo tão bem! Por que você não pede pro seu amigo do ginásio nos dar um pouco do Champanhe dele. A garrafa que ele tá segurando tá quase cheia. Quem sabe ele nos dá um pouquinho...
Mas o velho amigo de ginásio do Léo/Augusto, se desculpou e disse que não podia compartilhar da bebida de sua garrafa, pois nem era dele:
- Não posso cara, a garrafa nem é minha, é da mina ali. Só estou tomando conta... - blá, e como ele tomava!
Sem molharmos nossas goelas, ficamos por ali mesmo, apreciando a molecada que dançava; todos com seus pares, não sobraria nada para nós. Quando vimos uma única menina se afastar daquele bando de adolescentes que a cercava, o Léo/Augusto ficou louco:
Mas a alegria dele durou pouco, pois ela logo foi interceptada por um garoto e, os dois rolaram na areia trocando amassos e beijinhos sem ter fim.
Repetimos mais uma vez nosso bordão:
- Maldito Ano Novo!
Não nos restava muitas alternativas: ou ficávamos ali chupando os dedos, ou voltávamos frustrados para nossas casas de verão.
- Espera aí Dênis... Não acredito o que encontrei em meu bolso!
- O que é, Léo?
- É a nossa redenção. Olha isso! Tenho OITO REAIS! Podemos comprar alguma bebida no Bar da dona Palmira.
- Aleluia! Vamos pra lá imediatamente!
Assim saímos em disparada, correndo pela areia da praia de Fortaleza, em direção ao bar de dona Palmira.
continua no bar de dona Palmira...
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